sexta-feira, 4 de março de 2011

Baianas no Carnaval do Rio de Janeiro

A presença das baianas vestidas de branco, com suas longas saias rendadas ou bordadas, bata solta sobre a saia, pano-de-costa jogado nos ombros, e, como enfeites, colares, figas e patuás, parece remontar, em terras fluminenses (a antigamente também nas cariocas), ao tempo dos vice-reis. As baianas surgiram nas procissões religiosas do século passado, caminhando na frente do cortejo, em grande grupo e “vestidas à moda da província da Bahia”. As chamadas baianas não usavam vestidos; traziam somente umas poucas saias presas à cintura e que chegavam pouco abaixo do meio da perna, todas elas ornadas de magníficas rendas; da cintura para cima apenas traziam uma finíssima camisa, cuja gola e mangas eram também ornadas de rendas; ao pescoço punham um colar de ouro ou um colar de corais, ornavam a cabeça com uma espécie de turbante a que davam o nome de “trufas”. O traje típico das baianas chamou a atenção de estudiosos e pesquisadores, pois, como se sabe, nem todas as negras africanas que vieram para o Brasil, na condição de escravas, vestiam-se assim. Elas se vestiam de acordo com o costume feminino da região sudanesa, de influência maometana, de onde procediam. As mulheres do Sudão vestiam-se exatamente assim: largas e compridas saias, mantas listradas e, na cabeça, turbante muçulmano. Para o fato de venderem doces e pratos típicos nas ruas há também uma explicação que estaria no espírito independente dessas mulheres simples. Na impossibilidade de conseguirem emprego que lhes garantisse a própria manutenção e a dos filhos, e não querendo viver da mendicância, passaram a explorar este ramo de comércio quando se viram jogadas nas ruas após a Abolição. Mas há outra dúvida que precisa ser esclarecida: se as baianas do Rio de Janeiro surgiram inicialmente como um grupo que participava das procissões cristãs, por que se tornaram mais conhecidas como componentes de uma ala das Escolas de Samba? E elementos obrigatórios por exigência do próprio regulamento das Escolas.
A ala das baianas foi introduzida nos primeiros grupos de samba no início do século XX, no Rio de Janeiro, e nos desfiles ainda nos anos de 1930 como uma forma de homenagear as tias do samba, que abrigavam sambistas em suas casas, na época em que o ritmo era marginalizado. É uma ala obrigatória em todos os desfiles de escolas de samba, mesmo não sendo quesito oficial em nenhum deles. As fantasias das baianas contam pontos para o quesito Fantasia o modo como desfilam conta pontos para o quesito Evolução, porém toda escola deve se apresentar com um número mínimo de baianas. Nos anos 1940 a 50, era comum que homens desfilassem vestidos de baianas, prática que passou a ser proibida no Rio de Janeiro nos anos 1990, mas foi liberada pelas AESCRJ, no Grupo de acesso, a partir o ano de 2006, exceto para o Grupo A (atual Grupo de acesso, que a partir do Carnaval 2009 passaria a pertencer à LESGA A roupa clássica das baianas compõe-se de torso, bata, pano da costa e saia rodada. Entretanto, frequentemente podemos ver baianas com as mais inusitadas fantasias, tais como noivas, estátuas da liberdade, seres espaciais, globo terrestre (foto) ou poços de petróleo. No carnaval 2010, a ala das baianas virara quesito das escolas de samba dos Grupos Rio de Janeiro, pertencentes à AESCRJ.
 

Pesquisa e Texto: Leandro Lima Cordeiro

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